terça-feira, 25 de outubro de 2016

Resumo da História do Carnaval de Salvador/BA


Década de 1949 - 1979 


Foi criado em 1949 o grupo Filhos de Gandhy, que vem com a ideia de ser constituído exclusivamente por homens e inspirados nos princípios de não-violência e paz de Mahatma Gandhi e traz no grupo o ritmo “Ijexá”. O bloco traz a tradição da religião africana ritmada pelo agogô nas suas canções de ijexá na língua Iourubá. Utilizaram lençóis e talhas brancas na sua vestimenta para simbolizar as vestes indianas. Outros grupos seriam importantes para a propagação da cultura-africana no Carnaval da Bahia, como o Ilê Ayê (1974), Olodum e diversos outros blocos-afros.



O que antes reinava no carnaval eram as marchinhas, frevos, tocadas por charangas, bandas de sopro, antes tendo parte do público em clubes privados e logo depois de toda essa revolução com todos na rua, tendo sido desfeita essa separação, ou apenas aparentemente, pois o que se vê ainda hoje são diversas festa privadas dentro do carnaval.


Década de 1980 - 1998 

Em 1980, após o sucesso de diversos trios-elétricos que já marcavam a música e festa no carnaval baiano, como o Top 69, Tapajós, Marajós, Garrafão, Saborosa, Tiete Vips, Chucks, Novos Bárbaros, e principalmente o pioneiros Armandinho, Dodô & Osmar, o músico baiano Luiz Caldas, considerado hoje o “Pai do Axé”, lança com sua composição ao lado de Paulinho Camafeu: o “Fricote”. Essa música mudou totalmente o cenário na música baiana e até no Brasil, pois criou-se a partir daí o ritmo “Axé Music”, onde teve seu nome dado por um repórter com a intenção de ironizar o potencial do ritmo que ia surgindo ali na Bahia.


Diversas bandas, cantores e artistas tiveram importância nessa época, como a Banda Mel, Sarajane, Cheiro de Amor, Asa de Águia, Chiclete com Banana, Banda Reflexus, Banda Eva, etc. Outro fator importante dessa época foi a criação do ritmo “Samba-Reggae” por Neguinho do Samba, criador do Olodum (1979), grupo de imensa importância em tal gênero, assim como o Timbalada, criado por Carlinhos Brown em 1991. Mas o Samba-Reggae só ganhou fama nacional em 1992, a partir da música “Canto da Cidade”, da cantora Daniel Mercury, considerada a “Rainha do Axé”.

Década de 1999 - 2014 

Ainda sendo parte do movimento do Axé, entre 1990 e 2000, mais um ritmo surge na Bahia: o “Pagode Baiano”, ou “Swingueira” e “Quebradeira” e seus principais percursores foram Harmonia do Samba, É o Tchana, Companhia do Pagode, Terra Samba e Gang do Samba. Já nos anos 2000 em diante, apareceram os grupos Psirico, Parangolé, Pagodart e atualmente Igor Kannário.

O “Arrocha” é outro estilo musical originário da Bahia, onde teve início em 2001, na cidade de Candeias. Tem muito em comum com o ritmo brega, característico de sons de teclado e batidas eletrônicas, onde seu sucesso se destaca nas regiões Nordeste e Norte. Entre nomes que ajudaram a difundi-lo nacionalmente, estão: Silvanno Salles, Asas Livres, Pablo, Tayrone Cigano, Nara Costta e Tatal Matos.

Em 2013, foi criado o “Afródromo”, dedicado exclusivamente aos blocos afros e afoxés. Sua estreia foi em 2014, no mesmo ano que foi criado o “Furdunço”, que visa trazer a cultura dos antigos carnavais de volta, com os mini-trios e bandas de sopro, propagando um carnaval “sem cordas”, ou seja, sem a interferência do capital na diversão dos foliões.

Atualmente 

Atualmente, entres os principais artistas do Carnaval da Bahia estão alguns nomes, como Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Bell Marques, Armandinho e Trio-Elétrico Dodô & Osmar, Asa de Águia, Saulo Fernandes, Psirico, Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Olodum, Filhos de Gandhy e Timbalada.

O Carnaval se organiza com um começo seis dias antes da quarta-feira de cinzas ou numa noite de quinta-feira. Contem 7 circuitos e 12 bairros soteropolitanos recheados de apresentações musicais, desfiles de blocos carnavalescos,assim como atualmente há espaço para bailinhos, rock e reggae. Os foliões festejam em três principais circuitos: Dodô (Barra/Ondina), Batatinha (Centro Histórico) e Osmar (Campo Grande/Avenida Sete).


Texto: Fred Neto
Fotos: Allan Carter

Carnaval Baiano

O Carnaval de Salvador, ou também Carnaval da Bahia, é uma festa popular de rua que é organizada todos os anos em Salvador, no estado da Bahia. Começou a evoluir a partir das diferenças entre as classes sociais: carnaval de rua e em clubes privadas, o que resultou em uma inversão da ordem social, tomando uma celebração utópica de igualdade em divisão social. Hoje conta com diversos ritmos musicais na sua cultura, como o frevo, axé, ijexá, samba-reggae, arrocha, pagode e agora até sertanejo universitário.



O Trio-Elétrico 

O trio elétrico surgiu em 1950, quando os baianos Dôdo & Osmar, a partir de uma Fobica Ford 1929 equipada com equipamentos de som e levando os músicos encima, começaram a tocar frevo pelas ruas de salvador. Entre os músicos e os instrumentos presentes nasceu o genuinamente baiano “pau-elétrico”, que futuramente viria a se chamar “guitarra baiana”, por Armandinho Macêdo, filho de Osmar e mestre da guitarra baiana. Poucos anos depois, o trio-elétrico recebe um novo formato de palco para em cima de um caminhão, ideia de Orlando Tapajós.

O trio-elétrico atingiu fama nacional e posteriormente internacional através da música “Atrás do Trio Elétrico”, em 1969, pelo cantor baiano Caetano Veloso.

Fobica de Dodô & Osmar

TextoFred Neto
FotosAllan Carter

Música Baiana

Já era a Bahia, em particular Salvador, sua capital, a maior cidade das Américas durante alguns séculos, um dos principais centros comerciais do Novo Mundo. Das raízes negras brotou o samba-de-roda, seu “filho” samba, o lundu e outros tantos ritmos, movidos por atabaques, berimbaus e marimbas, principalmente na capoeira – espalhando-se pelo resto Brasil e por fim, ganhando o mundo.

Xisto Bahia, levando os ritmos e mesmo poetas (como Plínio de Lima), descobre o novo meio e assim grava o primeiro disco brasileiro. E experimenta o sucesso internacional com Dorival Caymmi.

Do rock ao tropicalismo, de Raul Seixas a Caetano Veloso, infinitos nomes aparecem no mundo afora, como Gilberto Gil, João Gilberto, Dorival Caymmi, Gal Costa, Maria Bethânia, Moraes Moreira, Tom Zé, entre outros.

Atualmente a marca da sua linguagem musical é uma série de ritmos contidos no que dizem ser a maior festa do mundo: o Carnaval de Salvador.


Fred Neto e Allan Carter

A Igreja de São Francisco

Na igreja de São Francisco, além dos azulejos é a própria arte em que podemos não só imaginar mas também visitar.

Foi eleito uma das 7 Maravilhas de Origem Portugesa no Mundo. Localizada no coração da cidade, a estrutura foi erguida entre os séculos XVII e XVIII e é considerada uma das mais singulares e ricas expressões do Barroco brasileiro. Entre os projetos franciscano do nordeste brasileiro, a planta da igreja é incomum, pois possui três naves
Nave principal da Igreja (Fotos: Vanessa Lopes) .
tre os séculos XVII e XVIII e é considerada uma das mais singulares e ricas expressões do Barroco brasileiro. Entre os projetos franciscano do nordeste brasileiro, a planta da igreja é incomum, pois possui três nave

Nave principal da Igreja (Fotos: Vanessa Lopes)

A igreja é especialmente preciosa pela sua exuberante decoração interna. Todas as superfícies do interior - paredes, colunas, teto, capelas - são revestidas de intrincados entalhes e douraduras, com florões, frisos, arcos, volutas e inúmeras figuras de anjos e pássaros espalhadas em vários pontos. Calcula-se que foi usada uma tonelada de ouro nos douramentos. Não se conhece o autor da talha. De ambos os lados existem grandes púlpitos, também ricamente decorados.



A abundância decorativa era essencial do estilo Barroco, incentivada pelas determinações do Concílio de Trento, e tinha como objetivo conquistar e excitar os fiéis, sua devoção através da maravilha e do deslumbramento, ao mesmo tempo em que oferecia uma série de pinturas e estátuas que ilustravam a doutrina católica para a educação do povo analfabeto.

Apesar da grande homogeneidade da decoração como um todo, o estilo dos elementos em separado ou em seu estado atual pode variar bastante, mostrando traços maneiristas, rococós e até neoclássicos, embora o Barroco predomine, o que se explica pelo largo período de tempo necessário para construir e decorar as estruturas, e pelas reformas, restauros ou alterações que o conjunto sofreu em sua história.

Vanessa Lopes

A Casa de Jorge

A Casa Vermelha, mas conhecida como Casa do Jorge Amado, onde viveram o casal de escritores baianos, foi aberta ao público em Salvador. A visitação pode correr de terça a domingo, (totalmente gratuito todas as quartas) das 10h às 17h. O imóvel está localizado na Rua Alagoinhas, número 33, no Rio Vermelho. A entrada custa R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) e a compra pode ser efetuada no local. Crianças com até 5 anos de idade não pagam! 

O imóvel, nomeado como "Casa Rio Vermelho Vida e Obra de Jorge Amado e Zélia Gattai" foi inaugurado em Novembro de 2014 após o local permanecer 11 anos fechado. O espaço conta com 15 ambiente e expõe de forma dinâmica e interativa, a vida do casal baiano. Os visitantes do local podem percorrer cerca de mil metros quadrados dentro da casa, podendo até visitar o jardim onde se encontram as cinzas do casal. Além disso, cada um dos tantos ambientes são organizados, e mantém as características originais de quando o casal ainda vivia naquele local. Os visitantes podem ter acesso também a cartas trocadas! 


É importante lembrar também que todos os visitantes podem assistir , na sala "Roda de Conversa", localizada no quintal, a vídeos com depoimentos de personalidade, amigos e familiares do casal, obtendo no total mais de 10 horas de de vídeos e projeções.


O local conta com dois espaços para expressar a gastronomia presente na vida de Jorge e Zélia. Na "Cozinha de Dona Flor", os visitantes podem passar a ter conhecimentos e aprender diversas receitas de comidas que marcaram a vida de alguns personagens através de vídeos exibidos em um projetor. 

Mayara Hanske

Maragogipinho - O Encanto de Barro

A Casa Vermelha, Maragogipinho fica localizado na cidade de Aratuípe e conta com dezenas de olarias às margens do Rio Jaguaribe, fabricando diariamente várias esculturas a barro. Destaca-se também como polo produtor de cerâmica figurativa e religiosa, que vai sendo passado de pai para filho. O Distrito esteve entre os 10 classificados ao Prêmio Unesco de Artesanato para a América Latina e Caribe em 2004, em que recebeu uma Menção Honrosa de ”Maior Centro Cerâmico da América Latina’’.




O barro se transforma em luminárias, louças de barro diversas, objetos de decoração, vasos, pratos, potes, panelas, canecas, pires, esculturas, moringas, imagens, figuras de peixes, sapos, cães, a representação da lua, do sol e o famoso porco cofrinho vendido de todos os tamanhos, no Brasil inteiro. A ideia de transformar o porco em cofrinho ou mealheiro, segundo a tradição popular é atribuída ao Mestre Almerentino.
Maragogipinho está inserido num processo de produção em que predomina o torno como principal instrumento de trabalho. O processo começa nas proximidades de Aratuípe, com a retirada dos blocos de barro bruto, mediante acordo com os proprietários dos terrenos dos barreiros. As peças produzidas têm altíssimo valor cultural e um grande potencial de crescimento e valorização. Cada vez mais a qualidade das peças aumenta na conquista de novos consumidores. Os objetos que apresentam em suas formas, nítidas influências indígena, africana e portuguesa tem uma variedade de tamanho e formato muito grande. Pode-se encontrar objetos de 2 cm a 2m de altura. 
Nesse universo de quase mil oleiros, as mulheres, salvo exceções, assumem uma função coadjuvante, sendo responsáveis pelo brunimento e pela pintura. Mantendo em geral, uma independência entre as residências e os locais de trabalho; as olarias, os ceramistas desse distrito de Aratuípe, já apresentam uma maior organização, mas também enfrentam grandes desafios.



Os produtos fabricados em Maragogipinho têm presença garantida nas feiras locais, nos mercados populares de Salvador e chegam a ser vendidos nos estados do sudeste e exportados para a Europa. Apesar disso, nem sempre os oleiros conseguem cobrir os custos de produção.
Todos os verões, bonecas, imagens sacras, animais, sandálias, cofres em formato de porco, panelas, abajures e diversos outros utensílios domésticos fabricados à base de barro, argila e palha encantam turistas que viajam pela Bahia. Na venda desses artigos, que impressionam em especial os estrangeiros, está à base da economia de lugarejos como Maragogipinho.




Um dos oleiros mais famosos de Maragogipinho é Mestre Emanoel Santeiro, reconhecido pelas belas imagens sacras que produz. As de São Francisco, Santo Antonio e Nossa Senhora dos Navegantes, por exemplo, surpreendem pelos detalhes e pelo fino acabamento. Para conhecer melhor a história e arte da comunidade nada como ir direto a fonte e passear pelas oficinas de Maragogipinho, conhecendo a diversidade da cerâmica artesanal criada pelos mestres do barro da região.


Naidson Braz

Cultura Portuguesa em Salvador/BA

Azulejos do pátio da Igreja e convento de São Francisco (Foto: Vanessa Lopes)
























O azulejo é considerado hoje como uma das produções mais originais da cultura portuguesa, onde se dá a conhecer, como num extenso livro ilustrado de grande riqueza cromática, não só a história, mas também a mentalidade e o gosto de cada época.
Na igreja e convento de São Francisco existem inúmeros painéis de azulejos, em tons de azul, na entrada do templo, no altar e na sacristia, retratando cenas alusivas a São Francisco de Assis — seu nascimento e renúncia aos bens materiais, trabalhos pintados por  Bartolomeu Antunes de Jesus, um dos grandes mestres da azulejaria de Portugal.
Cada cena na parede tem um título em latim e a tradução em português. Ao redor de todo o pátio a história fala de virtude, amor ao dinheiro, do que o dinheiro pode comprar mas também  o quanto o dinheiro pode destruir.
A igreja e convento se encontra no Largo do cruzeiro de São Francisco, Pelourinho. 

Vanessa Lopes